Da pesca ao tita-pe é um fotolivro que compôs a instalação Aldeia Aiha: educação e modos de vida kalapalo exposta na Expofaud 22; Ela conta um pouco da cultura e vida do povo kalapalo, do Alto Xingu, MT. A exposição tomou corpo após uma ida à aldeia em julho de 2022 e muitas conversas com Ugise Kalapalo, líder e professor kalapalo. A instalação como um todo trouxe desenhos nossos e das crianças da aldeia no tempo ficado por lá; um fotolivro de minha autoria; uma oficina de maquete da casa alto xinguana ministrada por Ugise; e, também uma roda de conversa com ele feita no salão Caramelo. Nós fomos para o xingu na época do KUARUP e é essa história que o fotolivro conta.
Confeccionado em papel canvas e linha clea, o livro recebe 16 fotografias e está dividido em 3 capítulos:
PESCA: no rio coluene, alguns dias antes do KUARUP; FESTA: na aldeia aiha, começam as danças e lutas do KUARUP; TITA: no centro, o tronco sagrado inicia o luto do KUARUP, é levado pro rio e passa a ser TITAPE
trechos do livro:
fotografias:
Para contextualização do livro, cabe aqui uma breve passagem sobre o Kuarup:Antes de tudo, é um ritual de luto da cultura alto xinguana, marcado por cerimônias, canto, dança e luta, realizado em homenagem ao falecimento de pessoas relacionadas a algum chefe de familia. A preparação e o custo da festa são caros, então o ritual é também um marco de status, já que só algumas familias conseguem lidar com as despesas. Os preparativos do Kuarup começam muito antes, mas a sua duração é de 3 dias. Durante toda a festa os guerreiros, as dançarinas e as crianças pintam o corpo e usam acessórios festivos. A família que está de luto não pode se enfeitar até o último dia.
Os dias antes do ritual preparam a aldeia pra todos os convidados que vão chegar, e um desses preparos é a pescaria no rio coluene. É uma pesca de rede gigantesca, onde quase todos os homens da aldeia entram no rio e vão puxando pouco a pouco a rede pela água até terem um volume gigantesco de peixes, suficientes pra alimentar todos os convidados da festa.
No primeiro dia chegam convidados de diversas aldeias e povos do Alto Xingu- Yawalapiti, Meinako, Kuikuro - que montam acampamento ao redor das casas e se apresentam a noite. Já no segundo, ocorrem as lutas de huka- huka entre as aldeias. Junto a isso, há também cantos e danças típicas. A noite do segundo dia inicia com a cerimônia de luto, a família se reune no centro da aldeia e lá fica até a manhã do dia seguinte. Na madrugada, cantam seu choro em homenagem a quem se foi. No amanhecer que trazem o Tita: tronco sagrado que representa a pessoa que se foi. O tronco, então, é preparado para ser enfeitado com grafismos, acessórios, cocar, etc, e é embelezado assim como todos na aldeia. Após o ritual ocorre a tirada do luto: as família encerram o processo e podem se enfeitar e aproveitar. Após o luto e a tristeza, é só festa; encerra-se o choro e inicia uma série de danças e uma última luta.
Uma das simbologias por trás do Kuarup é completar o luto e a passagem do morto, principalmente para que seu espiríto não fique preso na terra e possa seguir caminho. As mortes são homenageadas, o luto sentido, e a vida comemorada.
Os dias antes do ritual preparam a aldeia pra todos os convidados que vão chegar, e um desses preparos é a pescaria no rio coluene. É uma pesca de rede gigantesca, onde quase todos os homens da aldeia entram no rio e vão puxando pouco a pouco a rede pela água até terem um volume gigantesco de peixes, suficientes pra alimentar todos os convidados da festa.
No primeiro dia chegam convidados de diversas aldeias e povos do Alto Xingu- Yawalapiti, Meinako, Kuikuro - que montam acampamento ao redor das casas e se apresentam a noite. Já no segundo, ocorrem as lutas de huka- huka entre as aldeias. Junto a isso, há também cantos e danças típicas. A noite do segundo dia inicia com a cerimônia de luto, a família se reune no centro da aldeia e lá fica até a manhã do dia seguinte. Na madrugada, cantam seu choro em homenagem a quem se foi. No amanhecer que trazem o Tita: tronco sagrado que representa a pessoa que se foi. O tronco, então, é preparado para ser enfeitado com grafismos, acessórios, cocar, etc, e é embelezado assim como todos na aldeia. Após o ritual ocorre a tirada do luto: as família encerram o processo e podem se enfeitar e aproveitar. Após o luto e a tristeza, é só festa; encerra-se o choro e inicia uma série de danças e uma última luta.
Uma das simbologias por trás do Kuarup é completar o luto e a passagem do morto, principalmente para que seu espiríto não fique preso na terra e possa seguir caminho. As mortes são homenageadas, o luto sentido, e a vida comemorada.